Depois de muitas semanas sem postar, uma mudança e uma tese… estou de volta!!!! Que delícia!
Este é um post escrito no susto… na verdade, dentro do aviao depois do susto que vou contar.
“A partir de hoje Kai e eu celebraremos dois aniversários cada um. Um deles será dia 26 de junho.
Hoje já era um dia que ficaria marcado para sempre. Estamos indo para Barcelona para defender o meu doutorado. Tantos anos, tantas horas e, finalmente, a viagem tão esperada.
Levantamos, Toni nos levou ao aeroporto. Ficaria para tomarmos café juntos, mas como não tínhamos muito tempo resolveu deixar-nos e voltar para casa.
Nós fomos até a TAP fazer o check in sem olhar as passagens (Toni tinha comprado e eu, concentrada no doutorado, não tinha visto nem com que companhia voávamos ). Chegamos no balcão e a moça delicadamente nos disse que voaríamos com a Vueling hoje. Fomos ao check in desta companhia, um senhor super simpático nos atendeu e nos deu os assentos na fila 2! Perfeito para entrar com crianças.
Como de costume passamos o controle, tomamos “cafezinho” com diz Kai e embarcamos.
No ônibus para o avião (não tinha finger) vi um casal comentar alguma coisa quando entramos. Kai foi super simpático com eles e eles nem esboçaram um sorriso. Quando entramos no avião…bingo! Eles estavam na nossa frente. O senhor, ao ver-nos, comentou em catalão “Eu te disse, tenho ímã” e ela riu-se como dizendo “Você vai ver o voo que nos espera”. Enquanto esperávamos para decolar e fazíamos selfies eu pensava no que lhe diria, em bom catalão, ao chegar à Barcelona. Talvez que “todos têm direito a voar”? Talvez um “viu como meu filho se comportou bem”? Muitas frases passaram pela minha cabeça.
“Cabine crew ready for take off.”
Aceleramos para decolar e, de repente, uma freada (hoje comprovei a utilidade do cinto de segurança nos aviões). Segundos de silencio além do barulho da freada…olhares, tripulação se levanta e olha pelas janelas, zum zum zum…
“Aqui quem fala é o comandante. Tivemos que realizar uma manobra de emergência devido a um avião fora de rota”.
Naquele momento tudo mudou. Tudo virou secundário. A apresentação do doutorado que tanto me deixava nervosa, virou uma banalidade. O casal que não gosta de crianças virou cúmplice. O único que era realmente importante era que estávamos vivos. Por segundos, talvez minutos, mas podia sentir o calor da mãozinha de Kai e ouvir a sua risada que tanto amo.
“Mamãe já chegamos?”
“Não meu Amor.”
Adoro crianças!
“E porque o avião parou mamãe? ”
“Porque o piloto é um campeão meu Amor”, foi a única coisa que veio à minha cabeça…
O nosso avião iria bater se tivesse levantado voo, pois houve um erro na torre de controle e não haveria espaço e entre a nossa decolagem e a aterrissagem do outro avião.
Um susto! Um dia mais para celebrar a vida e as viagens! E agradecer aos bons pilotos!”
Quando saímos do avião, Kai não sossegou enquanto não viu o piloto e não lhe disse: “O senhor foi um campeão”!