Quem nunca se questionou se valia a pena viajar com criança e, principalmente, com bebê? “Não vai nem lembrar”, costuma ser o primeiro argumento pra se postergar uma aventura em família. É aí que muita gente se engana. Dependendo da idade, é bem provável que, conscientemente, os pequenos não se lembrem mesmo, MAS muita coisa – com total certeza – vai ficar guardada no subconsciente deles.
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Porque viajar é bom para crianças e bebês
“Viagem é igual a trauma, só que pro lado positivo”, garante Isa Minatel (bit.ly/minatel, www.youtube.com/isaminatel), psicopedagoga, influenciadora digital e autora de livros na área de educação infantil – também formada em Turismo, apesar de nunca ter trabalhado na área. “Muitas vezes você não lembra o gatilho que causou um trauma, como aquele medo de altura ou de cachorro. Pro lado bom é a mesma coisa. Sabemos que está rolando uma construção invisível dentro da criança, na qual as viagens são ingredientes de primeiríssima linha. É indiscutível que exercem um papel na formação do indivíduo, mas não dá para medir”, comenta.
Além disso, ela reforça que sabemos que tem um mundo inconsciente bem maior do que o consciente se formando na primeira infância. E sabemos também que a grande parte das crenças que comandam nossas vidas e nossas decisões, mesmo quando adultos, estão no nosso inconsciente. Por isso é tão positivo que desde bebês as pessoas possam estar expostas experiências boas e construtivas.
“As viagens abrem a cabeça de tal forma que você nunca vai saber que foi por causa dessas experiências que você tem a visão de mundo que tem. Que você tem essa tolerância e essa flexibilidade e essa capacidade de lidar com o diferente, o inesperado, o novo. Que você sabe se colocar adequadamente em contextos distintos”, complementa.
Sob o lema “É preciso estudar pra ser pai e mãe”, Isa Minatel defende que entender melhor sobre o desenvolvimento das crias é a melhor forma de não pedir delas o que não estão preparadas pra entregar, de aproveitar recursos poderosos (como esse das viagens) e de evitar os erros da educação tradicional, que muitas vezes desrespeita as crianças e impede que elas fortaleçam sua própria individualidade.
Ela conta que fez duas viagens internacionais com o filho Petrus bem novo: com 1,5 ano para Buenos Aires, Argentina, e com 3 anos para Paris, França. “Achamos que ele não ia se lembrar dessa última, mas, como temos as fotos e sempre falamos das viagens, ele garante que lembra. É muito interessante.”
Qual destino bom para viajar com crianças e bebês?
Quanto mais diferente da realidade em que a criança vive for o destino da viagem, mais impactante será a experiência. Por isso, as viagens internacionais acabam sendo as que costumam ter um impacto maior de abrir mente. Mas, mais importante do que o destino, é a proposta da viagem. Isa Minatel sugere fugir do circuito criado só pra turista. “Saia do pacote e procure conhecer os lugares como quem mora ali.” Isso porque, como os pacotes costumam ser muito comerciais, as crianças acabam relacionando uma carga muito consumista às viagens. “É bom enfatizar o valor de ver, sentir e admirar as coisas do lugar. E não colocar o foco só no que dá pra comprar ali”, explica.
Mas reforça que não tem restrições a qualquer destino. Não é preciso se limitar aos clássicos Disney, resort e praia. Contanto que a viagem seja pensada pra ser legal pra todos os envolvidos.
“É uma excelente oportunidade para desenvolver a relação de parceria com as crianças”, afirma. Colocando pra elas que vão ter programas que vão interessar mais pros adultos, e todo mundo vai, e outras que vão agradar mais as crianças, e todo mundo vai também. “É um treinamento de ceder. Claro que a maturidade dos adultos permite que cedam mais – porque conseguimos adiar a alimentação, o sono, esperar mais tempo e mais vezes e a criança já não.”
Aos pais também cabe o papel de amenizar os momentos de espera e os programas de menor interesse dos filhos. Se a ideia é ficar mais tempo no restaurante, escolher um que tenha área kids é uma boa saída. Mas se não tiver essa opção, é bom lembrar as crianças de levarem algum entretenimento, como livro, brinquedos – e tentar evitar as telas, de preferência.
Temperamentos & viagens
Isa Minatel aponta outro aspecto que pesará muito: o temperamento de cada um vai influenciar muito na disposição dos pequenos para essas aventuras longe de casa. Autora de um livro sobre a importância de entender o temperamento das pessoas pra melhorar a convivência entre todos, ela explica que entre os quatro tipos básicos – coléricos, sanguíneos, melancólicos e fleumáticos – tem os que são naturalmente mais propensos a gostar de experimentar o mundo.
Os mais extrovertidos – vertidos para fora: coléricos e sanguíneos -, que costumam apreciar estímulos de todas as maneiras, tendem a apreciar muito as viagens, porque são imersões em mundos de muito estímulo. “Tudo é novo. Lugares, pessoas, temperaturas, cheiros, sons novos. E eles gostam da novidade.”
Os temperamentos introvertidos – vertidos para dentro: melancólico e fleumático -, podem precisar alternar momentos de estímulo e de descanso. “Eles sentem mais necessidade do descanso do que os outros. Podem preferir menos dias de viagem e voltar um dia antes da volta às aulas, para dar uma recuperada também”, expõe.
Uma criança predominantemente fleumática, por exemplo, tem prazer na rotina dela e é capaz de preferir ficar em casa a sair pra viajar… Mesmo assim vale insistir, a prática adaptada às suas necessidades vai mostrar pra ela que, apesar do esforço, a experiência pode ser muito rica.
Você já tinha considerado essa questão dos temperamentos? Quer saber mais? A Isa Minatel tem um livro sobre o tema e fará palestra online sobre isso no dia 05/03 (Mais informação: bit.ly/minatel).
A Rê Mesquita é mãe do Noah, do Liam, e tem rodinhas nos pés. Ela já conhece mais de 15 países, e vem reaprendendo a viajar desde o começo de 2017, quando o Noah nasceu. No meio de 2019, o Liam chegou para reforçar esse aprendizado. O mais importante pra ela é descobrir novos caminhos com os pequenos e não parar nunca de viajar.
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Minha primeira viagem com minha filha ela tinha 5 meses, encaramos mais de 10 horas de voo e ficamos 20 dias entre Londres e Paris, com Loire no meio. Era uma mochila nas costas e a mochilinha dormindo na frente, no tempo que a Libra ainda estava nuns R$ 3,00 De tanto ver as fotos, quando aparece a Torre Eiffel ela fala que ‘já foi lá’. Ela pode até não lembrar tanto, mas que delícia é ter estas memórias para mim.
Com 2 anos, foram 14 dias pelas cidades historicas de Minas(quer mais ‘anti-criança’ que isto?). Fizemos outras depois desta e claro: 2018 chegou a Disney (20 dias) – que vai ser dificil repetir com este dólar…
Ano passado divorciei, mas nem isto impediu as viagens. Ano passado fui com ela e meus pais para Capitólio e agora em Janeiro fiz minha primeira viagem só eu (pai) e a filhota, agora com 7 para 8 anos: 10 dias entre Gramado e Bento Gonçalves, ficando em AirBnb(o que quer dizer que o café da manhã era por minha conta). Entre parques de neve para esquiar e Vila do Papai Noel, levei-a até em uma cantina e para jantar fondue (no meio daquele monte de casalzinho, meu par ser uma menina tão nova chamou bem a atenção e dava para ver que os garçons acharam divertida a situação).
Sim, viajar com crianças é trabalhoso, sozinho mais ainda, mas como cria laços, memórias, experiências e ajuda até a pequena a ficar mais independente (criança de 7 anos ir ao banheiro sozinha é assustador, mas necessário quando não se tem banheiro família em muitos lugares…)
E nem precisa ir muito longe. Morando em São Paulo, domingo não paro em casa não – tem um monte de SESCs, parques e qualquer saída pode virar uma pequena viagem entre as férias, sem nem precisar gastar tanto assim.
Amei seu depoimento! Vocês devem ter memórias incríveis juntos! Parabéns
Demais, Alex! O vínculo que se cria com as crianças durante as viagens vale o esforço e fica pra vida toda – dos pais e dos filhos!