Meu irmão Guilherme (Sai por Ai) viajou muito antes do primeiro filho nascer, mas a rotina dele não mudou muito neste último ano com a chegada do Gabriel! Ele acabou de fazer uma super viagem para a Patagônia de carro com a mulher e o filho de 1 ano e 2 meses. Os cunhados e os sogros também fizeram parte da viagem com eles.
 

Roteiro para a Patagônia de carro

A viagem foi feita no mês de janeiro. Foram mais de 13 mil km em 36 dias de viagem. O ponto de partida foi Curitiba. Grande parte do trajeto é um grande deserto, sem montanhas a vista, sem cidade ou vilas, uma grande aventura! Até chegar em Villarica/ Pucon (no Chile) foram 5  dias rodando o dia todo. A ida foi pela Ruta 40 e a volta pela Ruta 3.

Patagônia de Carro

Curitiba – Chapecó* – Uruguaiana – Trenque Lauquen – Neuquem – Villarica (Pucon)

Esse quinto dia é uma viagem mais rápida. Meio dia de viagem só.
* a parada em Chapecó não é necessária, foi para visitar parentes 😉


O que vocês visitaram na Patagônia?

Acho que dormimos em todos os pontos do mapa tirando Puerto Natales. Mas muitos lugares que não estão marcados, são pontos altos da viagem, como Junin de los Andes, San Martin de los Andes, Villa Angoustura

O que mais gostaram? Quais os highlights?

• Pucon – Vilarica

Ficamos hospedados em Villarica (pertinho de Pucon), que fica na beira de um lago. Tem uma cidadezinha simpática com lojinhas e restaurantes. Tudo gira ao redor do vulcão de Villarica: é possível fazer caminhadas, subir no vulcão, no lago há esportes aquáticos, trilhas, passeios a cavalo, etc.

• San Martin de Los Andes – Bariloche

Bariloche já é Patagônia, tem bastante estrutura urbana e ao mesmo tempo muitas atrações em meio a natureza: mirantes, lagos, caminhada, teleféricos e neve mesmo no verão no alto das montanhas.

A estrada entre San Martin de Los Andes e Bariloche é muito bonita, cheia de lagos e lugares para parar e admirar o visual. Um pouco para baixo de San Martin de Los Andes é uma região que lembra um pouco Bariloche, bem bacana.

A Vila de Angostura é muito charmosa, vale a pena conhecer. É possível conhecer a partir de Bariloche (em um bate e volta)

Em Junin de los Andes – na fronteira entre Argentina e Chile – o Gabriel experimentou carne caça! É uma região com vários lagos.

• O trajeto Chile Chico até Puerto Rio Tranquilo é lindíssimo! Pegamos chuva na metade da viagem e voltamos, mas no final tem o passeio de barco pelas “Catedrais de Marmore”. De Chile Chico até as Catedrais a estrada é de rípio, então a viagem é bem lenta. A cidade de Chile Chico é bem pequininha com uma pequena estrutura alguns hotéis e restaurantes simpáticos.

• El Calafate é uma cidade com bastante estrutura para receber turistas com museus, bares, aeroporto, etc por causa das famosas geleiras de Perito Moreno.

 

• El Chalten também tem glaciares mas é um pouco mais alternativo, menos estruturados, com mais caminhadas. É uma cidadezinha linda e pitoresca cercada de montanhas pontudas (entre eles o Cerro Torres e o Fitzroi). É a capital nacional do trekking, tem diversos percursos de diferentes distâncias e por passando por lagoas e sempre com montanhas atrás. Também há opções de caminhadas de meia hora com mirantes com visuais lindos!

• Torres del Paine é um grande Parque Nacional no Chile com alguns hotéis com bastante estrutura dentro do parque. Uma opção mais econômica é se hospedar em Puerto Natales. Também é famoso para quem gosta de trekking (circuitos W e O). Encontramos casais que fizeram alguns trechos desta caminhada com crianças de 7 anos. Quem não é tão aventureiro pode ir até mirantes e cachoeiras de carro, vale muito a pena!

• Punta Arenas  é a cidade mais ao sul da América continental (fica na beira do Estreito de Magalhães). Tem bastante estrutura. A principal atração é ir de barco até uma a Isla Magdalena que tem centenas de milhares de casais de pinguins.

• O trajeto Punta Arenas até Punta Delgada, com parada na cidade fantasma de San Gregorio, é muito bonita.

• A Peninsula Valdez (Puerto Pyramides) também tem pinguins, baleias e leão marinho, mas como o Gabriel não estava bem, nós não fomos.

Tem algum lugar que você acha que deviam ter ficado mais?

É uma viagem longa, não da para ficar muito tempo em cada lugar. O tempo muda muito rápido, por isto é bom ter dias extras. Em Chalten, no dia que chegamos, estava tudo encoberto, no dia seguinte o tempo abriu. A experiência é completamente diferente.

Não fomos nas Catedrais de Marmore por causa que o tempo fechou no meio do caminho. Se tivéssemos mais tempo seria bom, mas mesmo assim foi um mês de viagem…

Alguma atração ou parada era dispensável?

Muitas atrações são no caminho. É uma viagem longa, road trip. Mesmo que não sejam highlights, é o caminho. Existem centenas de quilômetros sem cidades, então acho que foram escolhemos as paradas foram escolhidas em lugares estratégicos. Mais existem outros parques e alternativas.

A volta pela Ruta 3 (Atlantico) não tem nada demais, tirando Peninsula Valdez.

Como eram as estradas? Precisa de pneu especial? Tem neve?

Excelentes logo depois da fronteira com o Brasil até Buenos Aires e muito boas depois.
Pequeno trecho ruim (buracos) perto de Casas de piedra (antes de Neuquen). Mas dé possível para fazer um volta maior.
E uns 80 km de “rípio” (cascalho) antes de Três Lagos.
Resto do asfalto bom, sem movimento. Uma coisa que atrapalha é o vento muito forte.
Usamos pneus normais, não tem neve em Janeiro (só nas montanhas).
É necessário ter a CARTA VERDE e fazer um seguro específico para o Chile.

Como foram as acomodações? Reservaram antes? Passaram perrengue para achar hotel em algum lugar?

Reservamos do Brasil até El Calafate, depois fomos por conta.
Chalten é minuscula e era no final de semana (além de altíssima temporada). Estava tudo lotado. Mesmo assim conseguimos (um hotel superior ao nosso padrão) mais barato que o anunciado no Booking. Passamos a olhar opções no Booking e chegar na hora para negociar.
Pagando em dinheiro normalmente já dão desconto. Se não for pelo Booking dão mais um percentual de desconto – depende da negociação. Dá para economizar pelo menos 15% do preço da Internet
Em Bariloche e Villarica, usamos Airb&b.
Em Puerto Madryn achamos uma pousada básica não anunciada na internet bem melhor e mais barata que as opções mais baratas do Booking.

Janeiro é uma boa época para fazer esta viagem? Alguma época não é boa? Qual a temperatura?

Época boa de temperatura, mas altíssima temporada. A temperatura depende da frente fria. Pegamos dias em torno de 5 ºC graus em Bariloche e dois dias depois 17-20ºC. Em geral acho que de 13 ºC a 27 ºC.

Alimentação pra vocês: simples? gostosa? cara?

Comida é boa, nada de espetacular. Carne sempre é boa. Não achamos muitas opções. Em Chalten tem restaurantes que fazem a própria massa, pães gostosos, coisas focadas para os turistas europeus.

Achamos caro, tudo caro. Argentina não está barata e a Patagônia é ainda mais cara. Só Gasolina que é barata por lá. Não tem opção de comida barata. Talvez um macarrão sem gosto de uma rede de posto de gasolina, mas é ruim. Não tem um restaurante simples com preço justo.
Viagem mais cara que para os Bálticos por exemplo. Tanto hospedagem como alimentação.

E a alimentação do Gabriel (1 ano e 2 meses)?

Frutas no dia a dia. Pãozinho também. Não dava para sincronizar paradas com a hora do almoço por causa das longas distâncias. Pure de batata, as vezes um ovo mexido, macarrão…

Dica: não é possível entrar no Chile com frutas por causa da vigilância sanitária, então leve o suficiente para o consumo até a fronteira!

E como foi fazer as longas distâncias com eles? as vezes vocês viajavam mais de 8 horas… ele chorava, ficava cansado? Alguma dica?

Independente das estradas boas ou ruins, é importante fazer paradas para o Gabriel parar e caminhar, seja em um posto de gasolina ou em qualquer lugar que ele possa se distrair.

Também levamos uma sacola com muitos brinquedos e fomos dando aos poucos (não todos de uma vez) para ele se distrair.

Revezamos a pessoa que ia no banco de trás com ele para ele não enjoar!

 

O Guilherme é casado com a Bianca e pai do Gabriel, de 1 ano. Autor do blog Saiporai.com e autor dos livros De Cape Town a Muscat – Uma viagem pela Africa, Rota da Seda e Países que não Existem.

 

 

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