Sempre adorei viajar. Apertados num carro, mil horas de ônibus, cruzar oceanos de avião ou em trens rápidos ou lentíssimos. Ficar em “taperas”, hotéis “caça baratas”, acampar, … Enfim qualquer lugar vale. A vida me presenteou com uma pessoa que também ama viajar e com filhos que topam tudo. Genial! Incrível!
Se você ainda não leu sobre as viagens da Ana com filhos pequenos, leia aqui
Notícias de Portugal: Quarentena com crianças em Lisboa
Nesta “vibe” tive um sonho…PÁRA!!! PÁRA!!! PLANETA TERRA RESETANDO! 1 semana, 2 semanas, 3 semanas, e contando… Tudo parou! Sinto como se um tsunami gigantesco tivesse começado na China e começou a varrer tudo que via pela frente. Eu, como observadora, vejo a onda se aproximando e parece que ninguém sai da frente. Aviso amigos por todo o mundo, mas são incrédulos. Uso “bóias” (máscaras) em voos desde janeiro e as pessoas me chamam de exagerada enquanto a onda continua varrendo tudo. A sensação de impotência é enorme.
Quando a onda chegou na Itália e na Espanha, e as pessoas continuavam a fazer vida normal, enquanto eu andava de “boia”, bateu o desespero. Vidas, muitas delas, foram-se. Cidades perderam quase uma geração em poucas semanas, mas o resto do mundo, onde o tsunami ainda não havia chegado, continuava a fazer vida normal. Perdemos amigos queridos, contávamos a história para os que estavam longe do tsunami, mas ainda assim…nada mudava. Assim o tsunami varreu o mundo. Por incredulidade, perdemos muito. Talvez, um dia, deixaremos de ser incrédulos.
Trabalho em casa, escola em casa
Na realidade, ainda que me sinta como se estivéssemos mesmo num tsunami, durante estas semanas, já estamos no final da 3a de confinamento, tivemos que nos reinventar. Sou um pouco “muito” alemã, se não é para sair de casa, não saio. Nunca tínhamos passado tanto tempo juntos dentro de casa. Conciliar “homeoffice”, “homeschooling” (=mommyschooling), casa, roupa, comida e a incerteza de que todos estarão bem não é tarefa fácil para ninguém. Por outro lado, ter o privilégio de conviver somente em família 24 horas por dia, sem outras pessoas, é fantástico. Uma sorte! Discutimos, as crianças fazem “macacadas”, afinal são crianças, há dias melhores que outros, rimos, a paciência acaba, ficamos zangados, a paciência volta, alguma notícia nos fez chorar, mas estamos juntos e com saúde.
(parada para ir à janela escutar o carro de polícia fazendo ronda para que ninguém saia de casa)
Rotina na quarenta com crianças
As dinâmicas e horários mudaram e as tarefas foram redivividas. Começo a trabalhar às 5 para poder avançar enquanto as crianças dormem. Os dias que dou aulas online são mais movimentados, às vezes tenho “companhias” que aparecem para conhecer os alunos. O Kai tem homeschooling todos os dias; a professora manda vídeos explicando os temas e tarefas. A Noa brinca, pula, viu Frozen 125.487 vezes e PepaPig outras 465.879. Eu, que sou contra “telas” em quantidade para crianças tão pequenas, estou tendo que me adaptar. Meu marido, apesar de muito trabalho, também faz almoço, jantar e cuida das crianças. A limpeza da casa é dividida entre todos, claro, de acordo com as idades. A rotina é, mais ou menos, assim:
– 5:00 começo a trabalhar
– 8:30 as crianças acordam e tomam café
– quando dá tempo fazemos yoga (Cosmic Kids)
– 9:30 chegam os vídeos para o Kai e, depois de reclamar um pouco ou muito, assiste às aulas e faz os deveres.
– 11:00 parada para fruta/bolachinhas/…
– entre 13:00 e 14:00 almoço
– 14:00 – 15:30 sesta da Noa e filminho para o Kai
– 16:00 lanchinho
– 17:00 brincadeiras (se faz sol, brincamos na sacada para que tenhamos um pouco de sol por dia)
– 19:00 exercícios (JustDance, pega-pega, futebol (dentro de casa mesmo), circuito ninja, …)
– 20:30 banhos
– 21:00 jantar
– 22:00 caminha
Sim…para eles tudo está mais tarde, mas nós precisamos trabalhar. Não digo que é o horário perfeito, nem que o sigamos à risca…é, mais ou menos, assim. Tentamos inventar atividades cada dia: castelo de guerreiros e guerreiras, circuitos ninja, fazer bolo, plantar flores, quebra-cabeça, legos, pinturas, coding, ….o que vier na cabeça. Sempre penso que juntos, com amor e muita (infinita) paciência, somos melhores.
Todos falam de uma crise mundial, muitas pessoas sem empregos, vivendo em condições complicadíssimas. Talvez esta tenha sido a única maneira para que o planeta sobrevivesse e se continuássemos fazendo como há dois meses, não chegaríamos ao final do ano. Não sei, não sou expert em crises, mas tento sempre ver o copo meio cheio. Precisamos dar valor ao que realmente tem valor, cuidar das pessoas que amamos e fazer o bem para todos.
Cuidem-se e, por favor, fiquem em casa… o tsunami está quase chegando ao Brasil.
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